Com base em dados recentes de organizações como a International Energy Agency (IEA) e a Air Transport Action Group (ATAG), o setor de aviação emite aproximadamente 2% a 2,5% das emissões globais de CO2 relacionadas a atividades humanas. Em termos de toneladas, isso equivale a cerca de 882 milhões de toneladas de CO2 por ano …
AeroSharke: conheça a solução da Lufthansa para a aviação sustentável

Com base em dados recentes de organizações como a International Energy Agency (IEA) e a Air Transport Action Group (ATAG), o setor de aviação emite aproximadamente 2% a 2,5% das emissões globais de CO2 relacionadas a atividades humanas. Em termos de toneladas, isso equivale a cerca de 882 milhões de toneladas de CO2 por ano (dado de 2023). Embora a porcentagem pareça pequena, se o setor de aviação fosse um país, ele seria o 11º maior emissor de carbono do mundo. A maior parte dessas emissões (cerca de 80%) vem de voos de longa distância, ou seja, aqueles com mais de 1.500 km.
Além do CO2, os aviões também emitem outros gases e partículas que contribuem para o aquecimento global, o que faz com que o impacto climático total da aviação seja estimado em algo entre 3,5% e 5% do total global. Apesar dos avanços em eficiência de combustível, o rápido crescimento da demanda por voos tem levado a um aumento contínuo nas emissões totais do setor. É por isso que a adoção de algumas tecnologias alternativas na aviação são vistas como cruciais para a descarbonização da indústria.

A Solução da Lufthansa para a Aviação Sustentável
De olho no futuro da aviação, a Lufthansa Technik e a BASF criaram, uma película chamada AeroSHARK, que inspirada na pele de tubarão, tem a função de reduzir o consumo de combustível e consequentemente as emissões de CO2 durante os voos. Isso acontece porque a pele do tubarão não é lisa, mas sim coberta por pequenas estruturas microscópicas em forma de “V” chamadas dentículos dérmicos. São eles criam micro-redemoinhos que ajudam a reduzir o arrasto da água enquanto o tubarão se move, permitindo que ele nade de forma mais eficiente e rápida.
A Lufthansa Technik e a BASF aplicaram esse mesmo princípio ao avião e desenvolveram uma película especial que imita a superfície da pele de um tubarão. Ao ser aplicada na fuselagem e nas asas da aeronave, essa película cria uma superfície microestruturada que modifica o fluxo de ar sobre o avião. Essa microestrutura faz com que o ar flua de forma mais ordenada e com menos turbulência, o que significa menos arrasto ou resistência do ar.
Com menos resistência, o avião precisa de menos força para se mover pelo ar, o que se traduz em menor necessidade de extrair combustível para o motor. E a consequente redução no consumo de combustível leva a uma diminuição direta nas emissões de CO2. Em resumo, a tecnologia AeroSHARK atua diretamente na aerodinâmica do avião, tornando-o mais eficiente, o que reduz o consumo de combustível e, por consequência, as emissões de carbono.
Quanto de economia é possível geral com essa tecnologia?
Não é possível determinar um valor exato de emissão de CO2 para uma aeronave, pois a quantidade varia muito e dependendo de fatores como:
- Tipo e modelo da aeronave: aviões maiores e mais antigos, como o Boeing 747, consomem mais combustível e, consequentemente, emitem mais CO2 do que aeronaves mais modernas e eficientes, como o Airbus A350.
- Duração e distância: voos de longa distância emitem mais CO2 do que voos curtos.
- Peso da aeronave: uma aeronave mais pesada, seja por causa da carga ou do número de passageiros, precisa de mais força para decolar e voar, o que aumenta o consumo de combustível.
- Condições climáticas: ventos contrários e tempestades podem forçar os motores a trabalhar mais, aumentando o consumo de combustível.
- Rotas e procedimentos de voo: a rota exata e a altitude de voo também influenciam o consumo.
Entretanto, a Lufthansa, que está implantando a tecnologia AeroSHARK em parte de sua frota, estima que essa película especial pode reduzir o consumo de combustível e as emissões de CO2 em cerca de 1% a 3% por voo. Embora pareça uma porcentagem pequena, a economia total é significativa quando se considera a escala das operações de uma companhia aérea.
Por exemplo, a Lufthansa afirma que, em uma aeronave como o Boeing 777, é capaz de gerar uma economia de cerca de 3.700 toneladas de CO2 e 1.200 toneladas de querosene anualmente. Essa tecnologia é uma das várias iniciativas que as companhias aéreas estão adotando para tornar o setor de aviação mais sustentável, uma vez que ainda não exista outra maneira de atravessar o atlântico.

Economia em números
Essa tecnologia é considerada uma das iniciativas-chave para ajudar as companhias aéreas a atingirem suas metas de sustentabilidade, como a redução pela metade das emissões líquidas de CO2 até 2030, em comparação com os níveis de 2019.
- Em porcentagem: A tecnologia pode gerar uma economia de combustível e uma redução de CO2 de pouco mais de 1% por voo em aeronaves de longa distância, como o Boeing 777.
- Para a frota de cargueiros: para o Boeing 777 da Lufthansa Cargo, a redução estimada é de cerca de 3.700 a 4.000 toneladas de querosene e 11.700 a 13.000 toneladas de emissões de CO2 anualmente.
- LATAM: com cinco aeronaves Boeing 777-300ER equipadas, a economia anual pode chegar a 2.000 toneladas métricas de combustível e 6.000 toneladas métricas de CO2.
- Em termos práticos: a economia de combustível de uma única aeronave com a tecnologia AeroSHARK pode equivaler a cerca de 28 dias de voo sem emissões por ano.
Economia totalmente proporcional
A economia total de CO2 é diretamente proporcional à quantidade de aeronaves equipadas com a tecnologia AeroSHARK. Se uma única aeronave economiza cerca de 1.200 toneladas de CO2 por ano, então:
- 10 aeronaves economizariam aproximadamente $1.200 \times 10 = 12.000$ toneladas de CO2 por ano.
- 20 aeronaves economizariam aproximadamente $1.200 \times 20 = 24.000$ toneladas de CO2 por ano.
- Toda uma frota dependendo de seu tamanho, resultaria em uma economia ainda maior.
O valor de 28 dias “sem emissões” por ano é a economia gerada por ”uma única aeronave”. Se uma companhia aérea equipar 10 aeronaves, o impacto total é 10 vezes maior. Essa escala é exatamente o motivo pelo qual as companhias aéreas estão investindo na tecnologia, pois a economia, embora modesta por aeronave, se torna significativa quando aplicada a uma frota inteira.




